Atualmente
no Brasil, a variante Gama é hegemônica no total de casos de contágios, porém,
como não existe um programa nacional de testagem em massa, e tão pouco um
programa nacional de testagem genômica para identificação genética das
variantes em território nacional, logo, não há certezas quanto ao quantitativo
de contágios pela nova variante Delta e não se sabe até quando a variante Gama
irá ser preponderante em relação à nova variante Delta. Entretanto, já é sabido
que no estado do Rio de Janeiro, a variante Delta já é responsável pela maioria
dos contágios, com cerca de 60% dos casos positivos da capital fluminense, e
tem provocado o colapso dos hospitais tanto na capital quanto nas cidades do
interior.
No
Gráfico 04 acima, podemos observar que a variante Delta ocupa uma posição de
destaque, onde verificamos que ela é mais transmissível do que os vírus do ebola,
da varíola e da gripe. Além da alta rapidez de transmissão da variante Delta, o
gráfico também comprova que ela é mais mortal do que a gripe e a poliomielite,
sendo a sua mortalidade maior do que o vírus original sars-cov-2 de Wuhan
(China). Sendo essa mutação mais transmissível, obviamente que a mesma se torna
também mais mortal do que as suas antecessoras. Ainda no Gráfico 04 acima,
analisando o eixo horizontal (eixo x), temos a taxa de contágios a partir de
uma única pessoa infectada, vemos que uma pessoa contaminada com a gripe comum
transmite o vírus para uma (01) outra pessoa. Já o vírus Sars-Cov-2 original de
Wuhan transmite covid-19 para três (03) outras pessoas. No entanto, ao
observarmos a projeção da variante Delta no eixo horizontal (eixo x), nota-se
que a transmissão de uma pessoa infectada ocorre até entre oito (8) pessoas de
contato, ou seja, devido à sua altíssima carga viral, que é aproximadamente
1260 vezes maior, a sua taxa de transmissão passa a ser mais do que o dobro do
vírus Sars-Cov-2 original. Tal dinâmica assustadora de contágios deveria
colocar todo o país em alerta máximo no quesito prevenção e adoção de medidas
restritivas e de mitigação de novos casos, no entanto, o que se observa é justamente
o contrário, com aumento de flexibilizações e a abertura de escolas e
universidades pelo poder público.
Figura 02 – Comparativo de
transmissibilidade da Variante Delta: mais do que o dobro de transmissão.
Com
o alto índice de transmissão da variante Delta (cerca de duas vezes maior),
observa-se uma dinâmica diferente de contágio do vírus em relação às demais
cepas (Alfa, Beta, Gama e Lambda), daí a importância em se revisar conceitos e
hábitos construídos ao longo destes meses de pandemia no Brasil e no mundo. A
variante Delta pode ser transmitida até mesmo em ambientes abertos quando não
respeitadas as regras de distanciamento social. Por isso, as atividades em
ambientes abertos ou ao ar livre devem ser revistas quanto ao distanciamento
seguro, mesmo com o uso de máscaras. Em ambientes fechados já foi comprovado a
transmissão de covid-19 via aerossóis mesmo com o uso de máscaras e com distanciamento.
(COELHO, 2021b)
A
Educação Física e a Variante Delta
O novo fanatismo do trabalho, com o qual
esta sociedade reage à morte de seu deus, é a continuação lógica e a etapa
final de uma longa história. Desde os dias da Reforma, todas as forças
basilares da modernização ocidental pregaram a santidade do trabalho.
Principalmente durante os últimos 150 anos, todas as teorias sociais e correntes
políticas estavam possuídas, por assim dizer, pela ideia do trabalho.
Socialistas e conservadores, democratas e fascistas combateram até a última
gota de sangue, mas, apesar de toda a animosidade, sempre levaram, em conjunto,
sacrifícios ao altar do deus-trabalho. "Afastai os ociosos", dizia o
Hino Internacional do Trabalho – e "o trabalho liberta" ecoava
aterrorizantemente sobre os portões de Auschwitz. As democracias pluralistas do
pós-guerra se professaram ainda mais a favor da ditadura eterna do trabalho.
Mesmo a Constituição do Estado da Baviera, arquicatólico, ensina aos seus
cidadãos partindo do sentido da tradição luterana: "o trabalho é a fonte
do bem-estar do povo e está sob proteção especial do Estado". No final do
século XX, quase todas as diferenças ideológicas desapareceram. Sobrou o dogma
impiedoso segundo o qual o trabalho é a determinação natural do homem. (GRUPO
KRISIS, 2017).
Sabemos
que o ensino da Educação Física não se resume apenas ao saber fazer ou ao
simples gesto técnico, mecanizado e repetitivo. O ensino da cultura corporal
envolve saberes e metodologias capazes de relacionar o corpo e o movimento a
significados e sentidos para muito além da cinética ou da performance, pois
nesta relação de ensino-aprendizagem está envolto além de teorias sobre o
corpo, sensações, toques, valores sociais, experiências, sentimentos,
pensamentos e questões de classe. Daí, com a pandemia e as aulas remotas, o
ensino da educação física sofre o mais duro golpe desde o seu surgimento com o
chamado Movimento Ginástico Europeu, durante o século XIX na Europa. A
mediocridade e a pobreza das aulas on-line dilaceraram o ensino da Educação
Física, assim como também as outras disciplinas e saberes, e que foram
engessadas, exorcizadas e despidas pelas tecnologias mortas e robotizadas do
ciberespaço. Nas aulas remotas não existem os contatos, os movimentos, os sons,
os gritos e os descontroles dos corpos, mas apenas o silêncio do computador e a
artificial contração do espaço-tempo pelas plataformas digitais. A pandemia
obrigou a todos a se adaptarem ao ensino remoto, a fim de evitar novos
contágios pelo vírus Sars-Cov-2. Porém, apesar de todas as limitações e
neuroses provocadas pelas aulas virtuais, uma volta às aulas presenciais num
momento crítico e catastrófico tal qual vivemos atualmente no Brasil num
contexto de descontrole da pandemia, pode provocar danos irreversíveis à
sociedade. Não se deveria estar discutindo hoje o retorno às aulas presenciais,
mas sim em como melhorar e incluir alunos e professores no Ensino à Distância
em tempos de pandemia, com gratuidade de acesso à internet, disponibilidade a
hardwares e softwares à comunidade escolar e universitária, num sentido de
provocar uma “humanização” das atuais excludentes aulas on-line. Porém, o que
assistimos não é uma coisa e nem outra, apenas uma imposição ao “novo normal”, para
garantir o girar da roda do capital, que até o momento já abreviou a vida de
mais de 570.000 brasileiros. Atualmente em Goiás estamos assistindo o retorno
precoce e sem sentido das aulas presenciais em escolas públicas municipais e
estaduais. Também assistimos o mesmo fenômeno ocorrer no semestre passado com
as escolas particulares e também universidades privadas que já tem um
calendário presencial de aulas, mesmo com a incidência da variante de
preocupação Delta em todo território nacional. A pressão para o retorno às
aulas presenciais para as universidades públicas também é visível e notória. Os
gestores públicos usam a ciência apenas quando lhes é conveniente, fazem da
ciência um instrumento para os seus deleites e bel-prazeres e obrigam a
abertura das instituições educacionais em desconexo com as recomendações
epidemiológicas. Ciência a serviço de quem? Ciência para quem, afinal?
Foto 01 – Quadras
poliesportivas do Centro de Excelência do Esporte – ESEFFEGO UEG
Na
Foto 01 acima, vemos as quadras poliesportivas suspensas do Centro de Excelência
do Esporte, que se localizam no atual campus ESEFFEGO UEG no centro da cidade
de Goiânia. Observamos que apesar das quadras se localizarem no 4º piso das
instalações do complexo esportivo, o espaço não possui ventilação natural ou circulação
de ar, propiciando tornar este local no futuro, em um ambiente super espalhador
de covid-19. Vemos que nos locais descritos em A e C na foto acima, são
estruturas de vidro e que auxiliam na iluminação natural do ambiente, porém, as
aberturas e frestas entre as estruturas de vidro são pequenas e não permitem
uma circulação efetiva do ar vindo de fora, o que dificulta a troca do ar, mantendo
o ambiente constantemente abafado e sem troca efetiva de ar com o meio externo.
A estrutura B faz parte da arquitetura interna e do design externo do prédio e
apesar das aberturas também nestas estruturas metálicas, elas não permitem uma
circulação efetiva do ar, impedindo a troca e circulação entre o ar externo e
interno. A circulação de ar é uma condição importante e recomendável para
ambientes com presença humana no período de pandemia. Apesar do espaço das
quadras possuir uma grande área total (três quadras anexas), mesmo assim, possui
uma arquitetura que dificulta a circulação natural do ar. Evidencia-se a necessidade
futura de mudanças na arquitetura do prédio para a prática de atividades
esportivas ou aulas presenciais, após a vacinação de toda a população, a fim de permitir uma maior troca de ar entre
os ambientes internos e externos para maior segurança dos estudantes e usuários.
Uma sugestão seria a retirada das estruturas de vidro e das partes metálicas
nas paredes, substituindo-as por outras formas arquitetônicas com aberturas
maiores e com proteção contra a chuva e o Sol (exemplo: arquitetura aberta do tipo “Quebra Sol”).
Foto 02 – Visão interna
do Centro de Excelência dos Esportes ESEFFEGO UEG – Hall de entrada e
escadarias de acesso às salas de aula.
As salas de aula do Centro de Excelência dos Esportes (Fotos 02 e 03), que
foram na verdade adaptadas e transformadas em salas de aula no ano de 2018 com
a mudança do campus ESEFFEGO UEG, e que outrora eram laboratórios, são espaços
em geral pequenos e com baixa circulação de ar, e existem ainda salas de aula até
mesmo sem nenhuma janela.
Foto 03 – Interior de uma
das salas de aula, com pequena área total, apesar de possuir uma janela de
tamanho grande.
Essa
arquitetura e disposição de salas, também se tornam prejudiciais diante de uma
pandemia descontrolada tal qual se observa em Goiás e com a incidência cada vez
maior da variante Delta na cidade de Goiânia. Mais uma vez aqui, há de se
propor mudanças arquitetônicas capazes de sanar a falta de circulação de ar nas
salas citadas para um futuro retorno seguro às aulas presenciais, quando a
pandemia estiver sobre controle e com toda a população vacinada.
Foto 04 – Academia
instalada no Centro de Excelência dos Esportes ESEFFEGO UEG.
A
foto 04 mostra as instalações da academia de ginástica do Centro de Excelência
dos Esportes ESEFFEGO UEG num espaço amplo e com muitas janelas grandes. Fato
importante é que a academia se localiza em um espaço arejado e com grande parte
da sua arquitetura sem paredes, com ampla abertura lateral, o que beneficia e
muito a circulação e renovação de ar, ao contrário dos demais espaços citados. Quando
toda a população estiver vacinada, este espaço poderá servir como modelo para
as demais instalações da ESEFFEGO.
Foto 05 – Estádio
Olímpico Pedro Ludovico Teixeira
localizado no centro de Goiânia.
O
Estádio Olímpico (Foto 05) também faz parte do Centro de Excelência dos
Esportes. Esse estádio foi inaugurado em 1941, mas em 2006 ele foi demolido
pelo governo do Estado para reforma e modernização, porém, a sua reconstrução
somente foi finalizada em 2016. Projetado para ser utilizado como espaço para a
prática exclusiva de esportes olímpicos, exceto o futebol. Entretanto, devido
às constantes pressões da Federação Goiana de Futebol e dos dirigentes dos
times de futebol da capital goiana, junto ao governo estadual, o mesmo foi então
adaptado para inclusão de um campo de futebol, o que demandou mudanças em suas
dimensões e estruturas arquitetônicas originais para abrigar um campo com
medidas oficiais de futebol em seu interior. Ao final das reformas no Estádio,
que duraram mais de uma década, com constantes paralisações e atrasos, houve
várias falhas constatadas após a sua reinauguração em 2016, como espaçamento
mínimo entre cadeiras, corredores apertados para torcedores e apenas metade do
estádio possui cobertura para visitantes. Os corredores de acesso aos
vestiários são estreitos e sem ventilação, a chamada área técnica, onde ficam
os jogadores e comissão técnica no intervalo dos jogos é extremamente pequena,
sem ventilação e mal projetada. Neste local foram realizadas neste ano de 2021
vários jogos da Copa América, organizado pela Conmebol, inclusive sediando
jogos até mesmo da seleção brasileira. Entretanto, é sabido por todos que houve
vários surtos de covid-19, durante a realização dos jogos da Copa América no
Brasil, inclusive em Goiânia, onde os números oficiais de pessoas infectadas
pelo novo coronavírus neste evento internacional não foram divulgados pela Conmebol.
Mas, o Ministério da Saúde divulgou o número total de contágios, chegando a 198
pessoas entre jogadores, membros das delegações, arbitragem, médicos, logística
e prestadores de serviços. O que é favorável neste estádio é a sua imensa área
aberta ao ar livre, tornando este espaço adaptável atividades mais seguras, com
excelente circulação de ar e facilidade para o distanciamento social. Vale
lembrar, como fato histórico importante, que o Estádio Olímpico serviu para abrigar
várias famílias vítimas do acidente radioativo com a cápsula de Césio-137,
ocorrido em agosto de 1987 em Goiânia. A vítimas da radiação ficaram acampadas
em dezenas de barracas cedidas pelo exército, no local onde hoje se localiza o
novo campo de futebol.
Foto 06 – Ginásio Rio
Vermelho localizado no Centro de
Excelência do Esporte.
O
Ginásio Rio Vermelho (Foto 06) possui uma arquitetura muito antiga e quase toda em
concreto. Recentemente foi iniciada a reforma do piso, porém, até o início da
pandemia, a obra estava inacabada. Possui um teto alto e independente das
paredes, sustentado por colunas metálicas e de concreto, o que permite uma boa
troca de ar entre os espaços internos e externos. Porém, os corredores internos
de acesso à quadra são estreitos e abafados, formando verdadeiros labirintos
entre as salas e as quadras. Tal disposição espacial dos corredores e salas pode
tornar este espaço propício à propagação de covid-19.
Sugestões e Conclusões
Quem hoje ainda se pergunta pelo
conteúdo, sentido ou fim de seu trabalho torna-se louco – ou um fator de
perturbação do funcionamento do fim em si da máquina social. O "homo
faber" , antigamente orgulhoso de seu trabalho e com seu jeito limitado
levando a sério o que fazia, hoje é tão fora de moda quanto a máquina de
escrever mecânica. A Roda tem que girar de qualquer jeito, e ponto final. Para
a invenção de sentido são responsáveis os departamentos de publicidade e
exércitos inteiros de animadores e psicólogas de empresa, consultores de imagem
e traficantes de drogas. Onde se balbucia continuamente um blablablá sobre motivação
e criatividade, disso nada sobrou, a não ser auto-engano. Por isso, contam hoje
as habilidades de auto-sugestão, autorepresentação e simulação de competência
como as virtudes mais importantes de executivos e trabalhadoras especializadas,
estrelas da mídia e contabilistas, professoras e guardas de estacionamento.
(GRUPO KRISIS, 2017).
Este ensaio científico sobre
educação física e pandemia visa demonstrar apenas a insanidade,
irresponsabilidade e a idiotice em querer forçar uma volta às aulas presencias
sem atingir a vacinação plena de toda a população. Não existe nenhum embasamento
científico pautado em evidências epidemiológicas que atestem o retorno às aulas
no atual contexto de descontrole da pandemia em Goiás e no Brasil.
As estruturas físicas, os
espaços e ambientes existentes podem facilmente serem transformados em locais super
espalhadores de Covid-19 entre alunos, professores e funcionários, tal qual expusemos
com relação ao campus ESEFFEGO em Goiânia, e que somente ajudará a aumentar as
estatísticas de casos e de óbitos em toda a população.
Na iminência de uma terceira
onda de Covid-19, com a chegada da denominada variante de preocupação Delta,
recomenda-se a paralisação de todas as atividades presencias de aulas em
educação física, sejam em desportos coletivos ou individuais. Também sugerimos
o retorno às aulas remotas pelas escolas da rede municipal de Goiânia (SME) e
também de todas as escolas estaduais de Goiás (SEDUC), com o intuito de evitar
novos surtos de contágios pelo vírus Sars-Cov-2 e a sua nova variante de
preocupação Delta.
Segundo dados divulgados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante Delta já é predominante no
mundo, representando hoje mais de 80% dos contágios totais registrados no
planeta. A fim de se evitar novas mortes e a expansão da pandemia no país, é
urgente a retomada de medidas restritivas e a aceleração do processo vacinal.
Somente com cerca de 90% da população total vacinada se poderá ter um retorno
seguro às aulas presenciais. (COELHO, 2021). Recomenda-se também redobrar os
cuidados com crianças e adolescentes, pois este grupo não recebeu ainda nenhuma
dose de vacina e são os mais vulneráveis diante da expansão da variante Delta.
Cuidados redobrados também com a população idosa, que mesmo estando imunizada,
poderá sofrer impactos grandes com a exposição à variante Delta, pois este
grupo possui um sistema imunológico mais suscetível aos ataques virais.
Bibliografia
COELHO,
R. A Educação Física e a Variante Delta: a vida após as olimpíadas. Disponível
em:
<
https://mundotrabalhoueg.blogspot.com/2021/08/a-educacao-fisica-e-variante-delta-vida.html
> Acesso em: 18/08/2021.
COELHO, R. Os Superspreaders: a educação física em xeque. Disponível em <www.mundotrabalhoueg.blogspot.com/2020/10/os-superspreaders-e-educacao-fisica-em.html>. Acesso em: 18/08/2021.
GRUPO KRISIS. Manifesto
Contra o Trabalho. Lisboa: ed. Antigona, 2017.
Sites Consultados:
OUR WORD IN DATA (www.ourworldindata.org/coronavirus)
CDC (www.cdc.gov/coronavirus)