(Escrito por Renato Coelho)
Em plena pandemia do novo coronavírus temos assistido a multiplicação de manifestações anti-racistas em vários países do mundo, e não é por menos, pois com o surgimento da pandemia houve também um aumento exponencial da violência contra os negros, indígenas e mulheres. A pandemia não somente tem escancarado a existência do racismo estrutural na sociedade capitalista, assim como também tem feito aumentar a exclusão e a morte de negros.
Temos como exemplos emblemáticos a morte brutal do trabalhador norte americano George Floyd na cidade de Minneapolis em 2020, assassinado por agentes da polícia local. E mais recente a morte do soldador João Alberto no interior de um hipermercado em dezembro de 2020 na cidade de Porto Alegre no Brasil, também morto covardemente por agentes de segurança. Ambas as mortes demonstram a existência de um racismo estrutural na sociedade, onde o negro é sempre tratado de forma discriminatória, desumana e com ações violentas, recebendo um tratamento diferenciado e desproporcional em relação aos brancos.
Durante toda a pandemia foi constatado um número gigantesco de contágios e de mortes por covid-19 no Brasil, sendo computados até o momento cerca de 611 mil mortes e mais de 22 milhões de contágios (www.saude.gov.br). Esses números são absurdamente altos, mesmo sabendo que as estatísticas oficiais são todas subnotificadas. Tais números na verdade evidenciam e demonstram um extermínio de classe no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus, onde pobres, desempregados, ambulantes, negros, idosos e índios são as maiores vítimas da covid-19. Sabemos ainda que todas essas mortes se devem essencialmente à falta de assistência médico hospitalar às vítimas da covid-19 e à total ausência de políticas prevenção e de mitigação contra os novos contágios. Não somente no Brasil, mas em todo o mundo, sejam em países ricos ou pobres, o atendimento médico hospitalar se transformou apenas em negócio, onde a saúde humana sempre foi tratada apenas como mercadoria e vendida por um alto preço por empresas de planos de saúde, farmácias, indústrias de remédios, redes de hospitais e fabricantes de vacinas, ficando os pobres e trabalhadores totalmente excluídos do acesso ao atendimento de saúde (ver gráficos 01 e 02 abaixo IBGE PNAD 2020) Toque no gráfico para ampliação.
No gráfico 01 acima observamos que apenas 2 milhões de pessoas com sintomas de Covid-19 no Brasil buscaram atendimento médico-hospitalar. Em contrapartida, segundo o gráfico 02 abaixo, 6,3 milhões de pessoas com sintomas da Covid-19 não buscaram atendimento de saúde. As estatísticas comprovam que a ausência de atendimento de saúde às vítimas da pandemia no Brasil é uma realidade alarmante e causa influência direta no grande quantitativo de mortes no país causado pela pandemia do novo coronavírus.
Gráfico 02 – Providências tomadas por aqueles que não buscaram por atendimento de saúde e que apresentavam sintomas da covid-19 no Brasil (fonte: https://covid19.ibge.gov.br/pnad-covid/saude.php). Toque no gráfico para ampliação.
O sistema capitalista não possui nenhum compromisso com a qualidade ou acesso à saúde pelos trabalhadores em geral. E quando a saúde das pessoas se transforma apenas em mercadoria, o que se vislumbra no presente é a exclusão e o extermínio de classe entre os trabalhadores pobres em todo o mundo, seja em países ricos como os EUA ou em países pobres, como no caso do Brasil. Mesmo possuindo um sistema público e gratuito de saúde (Sistema Único de Saúde – SUS), que atende uma grande parte da população mais pobre e carente, que não possui condições de pagar um plano de saúde privado, a pandemia contabiliza milhares de vítimas entre a classe mais pobre. Tal sistema público brasileiro, o SUS, encontra-se atualmente sucateado, com precarização das condições de trabalho e ainda com baixa remuneração dos trabalhadores da saúde. Diante desta triste realidade, não podemos nunca dizer que a covid-19 é uma doença “democrática”, pois ela atinge de forma distinta, as diferentes classes sociais, porém, com impactos, consequências e índices de mortalidade bastante diferenciados (ver gráfico 03 abaixo). No gráfico abaixo do IBGE PNAD 2020 (Toque no gráfico para ampliação) podemos analisar que a maior parte das pessoas contaminadas pelo novo coronavírus no Brasil possuem um rendimento familiar per capta inferior a dois (2) salários mínimos. Já a população com renda superior a quatro (4) ou mais salários mínimos per capta foi a que menos se contaminou pelo vírus Sars-Cov-2. Quando se observa e analisa os números da pandemia no Brasil, vê-se claramente que a pandemia é capaz de desmascarar mazelas e injustiças latentes no seio da sociedade brasileira, como as disparidades e abismos sociais, a violência de gênero e ainda o racismo estrutural.
Gráfico 03 – Distribuição dos casos positivos de covid-19 por faixa salarial. (fonte: https://covid19.ibge.gov.br/pnad-covid/saude.php). Toque no gráfico para ampliação.
Em outubro de 2020 o Brasil ultrapassou a marca de 600 mil mortes por covid-19 e com mais de 20 milhões de contágios, ficando atrás somente dos EUA em termos numéricos. Estes não são apenas números, a covid-19 é um agente social, e por trás desta complexa e macabra matemática dos números na pandemia, existem nuances, significados e sentidos em que apenas a matemática não é capaz de explicar sozinha, pois exige um olhar mais acurado e interdisciplinar para uma situação grave de pandemia.
Segundo a OMS, o índice estimado de letalidade do novo coronavírus no mundo é de 0.6%, ou seja, para cada grupo de 1.000 contaminados, 6 pessoas acabam indo a óbito. Este índice é considerado altíssimo, e demonstra que o vírus é altamente mortal. Para se ter uma ideia, o vírus da gripe A (H1N1) na pandemia de 2009 possuía um índice de letalidade igual a 0,01%. O índice de letalidade pode variar de região para região e também pode alterar em distintas fases da pandemia. O número de pessoas contaminadas pelo vírus Sars-Cov-2 no Brasil é muito grande, porém, o percentual de letalidade não é igual para todos os grupos de pessoas infectadas. Observou-se que o percentual de mortes entre pessoas negras internadas com a covid-19 é maior do que em brancos também internados. Constatou-se também que a mortalidade entre pacientes de hospitais públicos no Brasil que tratam da covid-19 é bem maior do que em hospitais privados. A explicação para essas diferenças não se dá através da genética destes pacientes, mas sim através de suas origens de classe social.
Pesquisas recentes divulgadas pelo NOIS (Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, 2020) da PUC do Rio de Janeiro (https://sites.google.com/view/nois-pucrio), constataram que mais da metade dos negros internados por Covid-19 em hospitais no Brasil morreram. Segundo estes estudos, foram analisados 29.933 casos de covid-19, deste total 8.963 eram negros e 54,78% deles morreram. Na mesma pesquisa dos 9.998 brancos internados 37,93% morreram com diagnóstico de covid-19. Analisando os números da pesquisa, pessoas negras entre 30 e 39 anos, tem 2,5 vezes mais chances de morrerem ao serem internadas por Covid-19 do que pessoas brancas da mesma idade (ver gráfico 04 abaixo). Toque no gráfico para ampliação. A explicação da origem destas disparidades numéricas se dá através do chamado racismo estrutural existente no Brasil que promove as diferenças sociais entre pessoas brancas e negras no país. Pesquisas realizadas nos EUA também apontam um índice maior de letalidade pela covid-19 entre negros daquele país.
O racismo estrutural existente no Brasil é o responsável pelos tristes e nefastos números da pesquisa acima. Por mais de 500 anos os negros no Brasil sofreram e ainda sofrem discriminação e exclusão aos meios de acesso ao trabalho, saúde, lazer, estudo e moradia. A herança escravocrata, as imensas desigualdades de classe e a legitimação do racismo e da miséria pelo sistema capitalista, são os principais promotores da alta de letalidade por covid-19 entre os negros brasileiros. Obviamente que as pessoas negras no Brasil que possuem menor acesso às políticas públicas de saúde com qualidade, à moradia digna, ao saneamento básico, e que possuem menores salários e renda do que os brancos, que tem maiores dificuldades de acesso à escola e ao ensino superior, que são também excluídas do lazer e de uma alimentação completa e de qualidade em comparação com os brancos, consequentemente terão maiores comorbidades como pressão alta, diabetes, sobrepeso e várias outras doenças que podem agravar o estado de saúde ao contrair o novo coronavírus, aumentando assim o chamado índice de letalidade em relação à covid-19.
Pretos e pardos no Brasil possuem o maior índice de letalidade da covid-19 em internações, e também segundo o IBGE, formam a maioria dos trabalhos de menor remuneração, o que evidencia mais uma vez a questão do racismo estrutural no Brasil e a sua relação com a pandemia, já que as pessoas mais expostas são aquelas que exercem trabalhos mais precarizados, como vendedores ambulantes, vigias, atendentes, balconistas, entregadores e etc., e estas são as que possuem maior facilidade de serem contaminadas pelo vírus e adquirirem a covid-19. Enquanto uma minoria de classe mais alta faz o chamado trabalho remoto de suas casas, a maioria formada pelos mais pobres é obrigada a trabalhar no “front” da pandemia, usando diariamente o transporte coletivo, trabalhando nas ruas, supermercados, nas indústrias e no comércio em geral, possuindo as funções ou cargos de entregadores de aplicativos, vigias de supermercados, motoristas de ônibus, funcionários de limpeza, balconistas, operadores de telemarketing, operários, garis, vendedores ambulantes e etc.
Na tabela acima (OBSERVATÓRIO COVID-19 BR, 2021) vemos a relação de mortalidade por covid-19 segundo a distribuição de renda no município de São Paulo. Observa -se nesta tabela que na medida em que se aumenta a pobreza (menor o salário) o risco de óbito por covid-19 aumenta, chegando a ser duas vezes maior entre a população mais pobre.
Na tabela 02 acima (OBSERVATÓRIO COVID-19 BR, 2021) tem-se a relação do número de moradores por domicílio (densidade domiciliar) e a mortalidade por covid-19. Notamos na tabela que a medida em que se aumenta a densidade domiciliar a mortalidade também aumenta de forma significativa, chegando a ser a mortalidade 62% maior em domicílios com mais moradores residentes em comparação com domicílios com média inferior a 2,7 moradores por casa (ver tabela 02).
A pandemia escancara as injustiças sociais no Brasil, colocando em evidência o racismo estrutural brasileiro e as suas consequências. O Brasil é um dos países mais racistas do mundo, o vírus Sars-Cov-2 não matou de forma igual e democrática, o vírus carrega a marca das injustiças e misérias sociais como o racismo, e acaba matando mais os trabalhadores pobres e também os trabalhadores pretos, que são as principais vítimas da exclusão social e também agora as principais vítimas da pandemia.
Bibliografia
Ótima reflexão, professor Renato. É algo que já estamos estudando a um bom tempo, as relações de dominador e dominado, de uma hegemonia social que acontece em todas as esferas sociais: de classe social, educação, segurança, qualidade de vida e principalmente hoje, saúde. É interessante quando fazemos tematizações com correlação de temas, como a que o ser fez (saúde + desigualdade social + racismo), pois isso faz com que tenhamos um olhar mais profundo em temas específicos. É uma pena saber que tal hegemonia social não terá um fim tão rápido na sociedade em que vivemos.
ResponderExcluirWederson Efraim Ferreira dos Santos
É triste saber que em uma pandemia mundial os mais afetados são os negros, tendo uma diferença muito grande em relação aos brancos. A classe mais pobre infelizmente não terá como mudar a situação desses gráficos, devido que a necessidade de trabalhar e colocar o alimento em casa é maior. Sempre irá ter essa desigualdade entre a classe mais rica e a mais pobre, os mais ricos sempre irão ter meios melhores para evitar as coisas. Logo, os pobres que necessitam sair de casa para conseguir recursos básicos, acabam correndo risco de se contaminar, mas infelizmente necessitam enfrentar isso todos os dias.
ResponderExcluirAluno: Maycon Douglas de Oliveira Chagas
A pandemia veio para escancarar o quanto a desigualdade social no nosso país é gigante e que o racismo se faz presente de uma forma entristecedora. O mais difícil é que a população pobre e negra fica a mercê dessas injustiças e da devastação do Corona vírus, visto que o Estado, mas especificamente o governo irresponsável da atual gestão, trataram e tratam a pandemia com desdém, fazendo que as pessoas mais pobres fiquem mais expostas ao vírus e tenham um acesso precário as instituições de saúde. Essa pandemia revelou muito mais as injustiças que os mais pobres sofrem, principalmente aqui no Brasil.
ResponderExcluirInfelizmente a desigualdade é um ponto do capitalismo e não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, temos este problema. Com a pandemia, é apenas mais um episódio da história que nos mostra essa desigualdade de forma mais escancarada.
ResponderExcluirWillian Borges Sagioratto Evangelista
Ótima reflexão! Infelizmente, essa é a realidade. Em tempos de pandemia, a desigualdade social aumentou e o racismo estrutural ficou mais evidente. Quando paramos para pensar em relação aos dados apresentados á cima, é possível perceber que negros e negras adoecem e morrem mais com a Covid-19, uma realidade cruel. O coronavírus não distingue os aspectos de renda, etnia, cor, entre outros... mas existe o vírus do racismo.
ResponderExcluirVidas negras Importam, importa a vida dos negros e negras que são esquecidos no atendimento hospitalar emergencial. Importa a vida dos que sem renda, trabalho ou, sem auxílio não têm o mínimo para se manter e manter a própria família. Importa a vidas dos estudantes negros que sem acesso à Web e diante do isolamento social físico não têm como acompanhar a rede de educação escolar. Frente a esse cenário, o amor ao próximo se torna a ação primordial.
Aluna: Macielly Gonçalves Soares
A ideia de que as normas e leis deste país historicamente são baseadas em termos de igualdade entre indivíduos, que na realidade não existem. No Brasil, o negro ainda hoje é sobrerrepresentado nos estratos sociais de mais baixa renda. A discriminação pela cor da pele pode afetar a demanda por trabalho de negros para postos mais qualificados, ou bloquear oportunidades de crescimento profissional e mesmo a relação de liberdade sem julgamento.
ResponderExcluirE neste desgoverno atual, fica ainda mais explicito a relação de oportunidades e de igualdades que se distanciam cada vez mais, onde o pobre da periferia encontra ainda maiores dificuldades, sua vida é exposta ao caos, exposto as injustiças.
A pandemia atual deixou na superfície ainda mais as diferenças de classes e suas dificuldades, suas condições e sua luta pela sobrevivência. Escancarando as injustiças sociais, um vírus que mata ainda mais os negros, os pobres, os menos favorecidos por este sistema que fingi se importar com sua população, derramando sangue de vidas que poderiam ter sido evitadas.
Aluno: João Vitor Dias Dutra
“Não são seres humanos, são animais”. Este era o pensamento que predominava por parte da sociedade que possuía escravos. Fato que ficou registrado em nossa história desde o momento em que esses homens, mulheres e crianças eram trazidos em navios, submetidos as piores condições possíveis, as quais causavam a morte de boa parte deles durante o percurso até as terras brasileiras. Quando chegavam eram submetidos trabalhos extenuantes o que causava uma curta expectativa de vida, que permeava entre os 19 a 25 anos.
ResponderExcluirSer negro era associado a inferioridade, eles não tinham direito a educação, a alimentação e eram colocados em locais com pouquíssimas condições de higiene, quando adoeciam eram tratados por seus pares com o conhecimento que obtiveram dos seus ancestrais como chás, rezas e ungentos, sem acompanhamento da medicina que era apenas para os senhores e suas famílias.
Mesmo após o período de escravidão os negros eram discriminados por sua cor, o que foi visto ao longo das décadas tanto no país, como no mundo por meio do apartheid, que deixava nítido a superioridade de alguns homens sobre os outros. Embora, muito tenha mudado como a permissão de frequentarem os mesmos ambientes, não houve igualdade entre eles.
Em nossa atualidade esse quadro de racismo está presente, pois as piores condições de emprego ainda são ocupadas por negros, poucos têm acesso à educação básica de qualidade e isso torna-se mais crítico quando tratada a educação superior; os locais de moradia que ocupam também apresentam as condições precárias, um exemplo é visto nas periferias, as quais concentram boa parte da população negra, além disso não dispõem do adequado acesso a saúde. O que fere a Constituição Federal em seu artigo 5º que trata da igualdade entre os homens e mulheres.
A partir da pandemia essa situação que tinha invisibilidade tornou-se evidente pelo fato do número crescente dos óbitos causados pela Covid – 19 que aumenta significativamente na população pobre e negra, que não tem sequer o básico, o acesso a alimentação adequada e é acometida por doenças crônicas não transmissíveis de forma considerável.
A falta de governança retrata que o problema que persiste ao longo dos séculos e contribui para maximizar as desigualdades sociais e o extermínio dos mais pobres, pois o próprio governo não busca políticas públicas para os que mais precisam. Infelizmente, um país que por 3 séculos escravizou os mais vulneráveis, agora os mantém a mercê da sorte.
Aluna: Amanda Sucia do Carmo.
Vivemos em um país no qual o presidente diz que não existe RACISMO nem POBREZA. Como nossos governantes representam a maioria da sociedade, vemos que a população está doente e ainda há muito o que ser feito por parte da educação, que também não é prioridade da atual gestão. O racismo estrutural do Brasil ficou ainda mais evidente nessa época de pandemia, em que várias fragilidades foram expostas: É o empresário milionário preocupado em perder sua fortuna enquanto o pobre miserável se afunda. Os exemplos citados no texto,outros também que aconteceram em Goiânia com entregadores por aplicativo são só alguns dos tantos que ocorrem diariamente no Brasil afora. Enquanto não houver sanções e penas pesadas isso ainda vai perdurar por muito tempo.
ResponderExcluirMuitos falam da educação, sendo ela cada vez mais sucateada pelo nosso governo, então nossa vontade de acabar com isso em pleno Século 21 deve ser dobrada.
Há uma frase que representa bem nosso atual momento de pandemia: Estamos no mesmo oceano, enfrentando a mesma tempestade, porém alguns estão hiates luxuosos e seguros, outros sequer tem um colete salva-vidas.
Discente: João Victor Macedo Nogueira
Turno: Noturno
Esse assunto me lembra as "empregadas domésticas". No início da pandemia, muita gente descobriu que existia trabalho doméstico para fazer, e ao mesmo tempo existia as novas questões sobre o home office. Pais descobrindo que deveriam criar os próprios filhos, que uma residência tem cômodos difíceis de limpar, e ai me veio a reflexão sobre as empregadas domésticas ou babás que tiveram que sair da sua própria casa, do seu próprio isolamento para cuidar de filhos alheios e casas alheias.
ResponderExcluirVidas negras importam, aprendemos com George Floyd e numa pesquisa rápida no google descubro que em 2020 a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas diz que 82% das empregadas domésticas são negras. Me lembro que um amigo dono do super mercado disse em uma conversa de internet que "nunca vendeu tanto produto de limpeza e equipamento doméstico para limpeza", será que quando o patrão passou a lavar o próprio banheiro ele começou a investir mais nesses produtos? Quem sabe... Mas na pandemia quantas dessas funcionárias passaram a morar na casa de seus patrões para "proteger" a família, não deixando a empregada "aglomerar" na sua própria residência.
O assunto sobre racismo estrutural me faz sentir raiva nos dedos enquanto digito. Muito muito muito bom entrar aqui hoje e ler seu texto sobre isso professor, seria negligente da nossa parte falar sobre o mundo do trabalho e não citar o trabalho negro, afinal a carne preta é a carne mais barata do mercado e esse assunto não pode perder força.
Obrigado mais uma vez pela ótima reflexão.
Se, por um lado, os dados mostram que a população negra é a que mais sofre com a pandemia, por outro, evidenciam a ausência de uma ação governamental eficaz. o sistema brasileiro insiste em ignorar esses marcadores sociais. Assim, a abordagem da pandemia na perspectiva étnica racial é premente, por ser uma oportunidade de encarar as desigualdades raciais tão marcadamente presentes em nosso país, e de forma definitiva. Caso contrário, os negros continuarão sendo os primeiros na fila de óbitos e os últimos na fila da imunização.
ResponderExcluirDe fato, a pandemia tornou-se um ciclo vicioso. A maior taxa de contágio ser entre as pessoas de baixa renda evidencia a falta de acesso às condições básicas de saúde, alimentação e saneamento. Na internet, se tornou comum ver organizações sociais arrecadarem, além de alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza. Numa tentativa de dar atenção às necessidades, de uma parte, dessas pessoas que são simplesmente "esquecidas" pelo governo.
ResponderExcluirO maior índice de mortalidades ser em hospitais públicos junto ao gráfico de maior percentual de óbitos por raça/cor explicitam bem as consequências do racismo estrutural na nossa sociedade. É uma realidade assustadora, e muito triste constatar que as desigualdades sociais se agravam cada vez mais.
Giselle Rodrigues Sobral
Durante o período pandêmico, ficou notável a grande diferença entre classes. Assim como exposto pelo texto, os pretos e pardos sofreram maiores índices de letalidade da Covid-19 em internações, além de que são pertencentes a trabalhadores de classe baixa, o que acaba obrigando os mesmos a se exporem ao vírus, tendo que trabalhar e se arriscar no meio de conduções lotadas, sabendo que caso seja contaminado, se necessário terá que procurar por leitos públicos e torcer para o sistema não estar saturado, já que não terão condições de financiar o sistema privado, deixando explicito o racismo estrutural.
ResponderExcluirASS: Lucas Batista Ricardo de Souza Santos
O racismo infelizmente ainda está muito presente no mundo e na pandemia ficou mais escancarado. Não consigo intenter de onde a pessoa acha que ela é melhor que a outra por ela ser branca e a outra preta, é uma coisa tão ridícula, que acaba interferindo em todo o futuro da pessoa, pois não tem privilégios que uma pessoa branca tem, ainda mais se for branca e de família rica. A desigualdade social só piora o racismo, situação essa que está escancarada para todos verem, mas que por muitos não é algo relevante, preferindo excluir, agredir, ignorar, só pelo simples fato de ser preta. Repúdio por algo que já era para ter evoluído a séculos e pra falar a verdade, nem ter existido.
ResponderExcluirAluna: Eneely Evelin Gomes de Araújo
De acordo com o portal Brasil de Direitos, racismo estrutural é a “naturalização de ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro, e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial”. Desse modo, essa naturalização, concretiza os dados levantados e expostos no texto, assim, nos fazendo refletir sobre as consequências adversas que o sistema capitalista ocasiona e que com a pandemia, é ainda mais evidenciado.
ResponderExcluirAinda, Silvio Luiz de Almeida, (filósofo, jurista e professor universitário) defende que a forma como a sociedade é constituída reproduz parâmetros de discriminação racial, no campo da política e da economia, sendo o racismo estrutural naturalizado como parte integrante do meio social. O que assim, é refletido em aspectos relacionados a precarização, também, da saúde e às necessidades fundamentais do ser humano. Novamente, a pandemia transparecendo o que a história sempre concretizou e reafirmou: quanto mais distantes as classes, melhor será.
O racismo estrutural é isso: é a desvalorização de pessoas negras e a perpetuação da desigualdade e da segregação; é a falta de oportunidades, preconceito é a separação. Portanto, a mudança só será possível quando todos os brasileiros enxergarem pessoas, e não distinção ou diferença quanto a qualquer aspecto que seja. Somos uma sociedade heterogênea, porém, a busca pela igualdade deve objetivar e pautar as ações políticas, econômicas e sociais de todos.
Boa reflexão sobre estamos estudando sobre classes sociais, qualidade de vida e saúde. Importante tentar relacionar saude, desigualdade e racismo. Triste realidade saber que ma pandemia os negros são os mais afetados, a classe mais pobre sempre vai sobre. A pandemia veio para mostra a desigualdade social no nosso pais e as injustiças e o mal do corona vírus!!!
ResponderExcluirO texto apresenta-se de forma clara e coesa, nos mostrando mais uma vez a realidade enfrentada pela população negra/preta/parda e pior, pobre. Não somente na pandemia, essa população sempre se encontrou a mercê das políticas públicas, nunca tiveram assistência de verdade, seja ela de qual for, e isso só reforça as desigualdades do país. Vale lembrar, claro, também apresentado no texto, que essa população não sofre somente aqui no Brasil, como também em outros países do mundo, nos revelando que o racismo nunca irá acabar!
ResponderExcluirVale dizer também que a população tem uma dívida eterna com os negros, pois estes sofreram com a escravidão, sendo massacrados até hoje e como dito anteriormente, me parece que isso nunca irá acabar, o branco sempre será o mais enaltecido.
A pandemia reforçou nossos problemas sociais e isso é lamentável.
Mirelly Nazario Santos
A desigualdade social tem acompanhado toda a história do ser humano, a questão da segregação racial caminha em um paralelo com as classes mais baixas, devido ao grande preconceito racial que ainda vive na nossa sociedade. E a disponibilidade de saúde pública para essas pessoas é ainda mais crítica, as classes mais baixas tem sofrido muito durante todo o agravamento da saúde devido ao corona vírus. Nem os ricos tem tido vagas nas UTI em caso de emergência e necessidade... Quem dirá os pobres, e classe média ? A pandemia só agravou todos os problemas sociais já observados em nosso mundo.
ResponderExcluirA disseminação do vírus da covid-19 foi por meio de pessoas de classe media e alta, isso fez com que o vírus se espalhasse atingindo todas as classes sociais, dentre elas as mais pobres. A população negra e majoritária entre os desempregados os que atuam na informalidade, no trabalho por conta própria e nas atividades consideradas essenciais, a gente vê essas pessoas tendo que trabalhar em ônibus lotados, elas não podem optar por home office, porque o trabalho que desenvolvem não se adequam ou porque o grau de exploração e subordinação faz com que as empresas e os patrões não dirijam o seu olhar para o cuidado dessa pessoa. Essas pessoas são obrigadas a ir para garantir o seu salário, o seu ganha pão, lamentável. A desigualdade não reduz com o tempo, a cada dia que se passa fica mais escancarado. Como diz Nelson Mandela: "eu odeio o racismo, pois o considero uma coisa selvagem, venha ele de um negro ou de um branco"
ResponderExcluirALUNA: Raissa Carolina da Silva
Com a pandemia infelizmente os negros e as classes sociais mais baixas são afetados de diversa formas na nossa sociedade nos dias de hoje, muitos perderam seus empregos outros se quer conseguiram trabalhar e quando se fala em saúde é triste porque não são todas as pessoas que tem acesso a saude de qualidade conhecemos como vive o pais em pandemia e o caos em qual estamos vivendo e essa reflexão é de extrema importância.
ResponderExcluirÓtima reflexão Professor Renato Coelho! Infelizmente, essa é a pura realidade. Em tempos de pandemia, a desigualdade social aumentou e o racismo estrutural ficou mais evidente e mais visível. Quando paramos para pensar em relação aos dados apresentados á cima, é possível perceber que negros e negras adoecem e morrem mais com a Covid-19, fica uma duvida minha, será porque os ricos e os brancos morrem menos? uma realidade cruel.
ResponderExcluirGuilherme Alves Machado
Infelizmente essa é a realidade em que vivemos, evoluímos em vários pontos mas em alguns ainda vivemos uma situação inaceitável, a desigualdade econômica só aumenta, juntamente com racismo impedindo oportunidades que poderiam ser vividas por pessoas que sofrem por este tipo de preconceito.
ResponderExcluirDiscente: Grazyelle Costa
Como mencionado no texto, a covid veio para escancarar de vez a desigualdade existente no Brasil e no mundo. Infelizmente, quem acaba sofrendo mais é o lado mais fraco, os trabalhadores de classe baixa e a população pobre, já que elas não detém o capital mas para manter seu sustento precisa se curvar diante de diversas situações. Além de o governo não garantir um auxílio descente para essa classe, e uma classe privilegiada que pode ficar em casa, vemos ônibus lotado,bares cheios e a classe baixa precisando colocar comida na mesa. Fora os funcionários ou microemprededores que perderam seu sustento e dependia de auxílio emergencial e doações. O que chega a ser cômico que no início da pandemia muitas figuras públicas falavam exatamente o que foi mencionado no texto, que o vírus era democrático e que atingia todos de maneira igual. O que essas figuras não pararam para refletir que a classe baixa estatisticamente sofre muito mais com o vírus, principalmente a população negra, decorrente da grande exposição que tem com o vírus, podendo também ser por conta da má alimentação , já que esse grupo pertencia a pessoas com renda mais baixa e pela espera de leitos nós hospitais públicos. Uma realidade triste mas que segue a lógica do capital, a economia vale mais do que vidas.
ResponderExcluirAluna: Mariana Alves de Oliveira
Infelizmente essa ainda é nossa realidade que apesar de muitos avanços e conquistas da parte de pessoas negras ainda acabam sofrendo esses preconceitos e desigualdade atingindo principalmente os de baixa renda que por muitas vezes fazerem um trabalho exaustivo acabam deixando de cuidar da saúde para manter o sustento da casa ficando mais suscetíveis a pegar quais quer doença não só o vírus do covid.
ResponderExcluirO racismo sempre esteve introduzido em nossa sociedade, devido a nossa herança escravocrata, e a falta de políticas ao longo do tempo para modificar essa realidade, muitas décadas se passaram, mas infelizmente será preciso tantas outras décadas para modificar a cultura e sociedade no nosso país. As legislações vigentes auxiliam no combate ao preconceito, mas não modificam o pensamento das pessoas que acreditam ter algum tipo de soberania pelo o tom da pele, mesmo com a legislação de cotas raciais e a reserva de vagas para negros em concursos públicos, os efeitos da ascensão social dos negros no Brasil é pequeno. Com o surgimento da pandemia está claro que a população de baixa renda está bem mais vulnerável a contaminação pelo Coronavírus, isso pelo seus hábitos de vida, alimentares e sociais. A pandemia reflete o descaso com a saúde pública que se arrasta por anos com a falta de incentivo financeiro e a precarização do SUS e a sua consequente terceirização para as Organizações Sociais com grandes desvios de verba pública. A base para uma mudança seria o incentivo a uma educação de qualidade para todos que permitissem principalmente ao negro e pobre uma mudança na sua vida e uma melhor qualidade de vida.
ResponderExcluirDesde que me lembro de estudar história na escola, me deparo com a questão do racismo e da diferença de classes. E mesmo com todo estudo, ainda encontramo-nos, por vezes, sem compreender o tamanho disso na nossa sociedade. Sociedade que desde sempre tende a colocar pessoas acima das outras, quer seja por cor, classe, gênero, sexualidade... Infelizmente, mesmo com a possibilidade maior de abertura de diálogo, ainda estamos longe de encontrar uma solução, principalmente ao nos depararmos com o tipo de governo que tem regido o país, com discursos inflamados, onde parte da população compra e segue sem questionar. Quanto à possibilidade de termos mais justiça, apesar da legislação garantir os direitos, também acredito estarmos longe disso. A pandemia só escancarou isso: ricos cada vez mais ricos, pobres cada vez mais pobres, pessoas cada vez mais longe de serem humanos, focando em exterminar pessoas e não a doença que está nos assolando.
ResponderExcluirAluna: Áckisa Mayra Santana Mendonça.
Perfeita a reflexão. Acompanhamos desde sempre o racismo que acontece de baixo de nosso nariz e muitos se negam a enxergar, fingem não acontecer e por muitas das vezes o pratíca sem ao menos perceber. Ainda encontramos pessoas com a coragem de dizer que nessa pandemia estamos todos no mesmo barco, o preconceito e a desigualdade social nunca irá deixar todos no mesmo barco, aconteça o que acontecer os números estão ai para comprovar que o pobre, o negro está a mercê do vírus e de sofrer todo tipo de preconceito, seja ele racial, seja ele social.
ResponderExcluirWinicius Carmona dos Santos
Um texto que nos faz refletir ainda mais, no quão a sociedade se mostra desumana."A herança escravocrata, as imensas desigualdades de classe e a legitimação do racismo e da miséria pelo sistema capitalista, são os principais promotores da alta de letalidade por covid-19 entre os negros brasileiros." Mesmo depois de séculos o racismo e a desigualdade gritante entre classes ainda possa existir, e não importa o lugar e nem a hora. E isso é uma realidade na qual, por varios meios é tentado reverter a situação porem, é praticamente impossível, o preconceito racial é algo que não devira existir nos dias atuais.
ResponderExcluirJoviane Alves de Oliveira
Se, por um lado, os dados mostram que a população negra é a que mais sofre com a pandemia, por outro, evidenciam a ausência de uma ação governamental eficaz. o sistema brasileiro insiste em ignorar esses marcadores sociais. Assim, a abordagem da pandemia na perspectiva étnica racial é premente, por ser uma oportunidade de encarar as desigualdades raciais tão marcadamente presentes em nosso país, e de forma definitiva. Caso contrário, os negros continuarão sendo os primeiros na fila de óbitos e os últimos na fila da imunização.
ResponderExcluirMatheus de jesus
Vistos o casos além de racismo estrutural, mas também racismo brutal como foi o caso que veio à tona na mídia, do policial branco e o trabalhador norte americano George Floyd. Isso foi apenas um que tomou proporção midiática, imagine o quantos outros casos assim não existiram?!
ResponderExcluirApós ler o texto reflexivo do professor Renato Coelho acerca do sensível tema que trata-se da classe menos favorecida em tempos de pandemia. Não é preciso pensar muito para se chegar à conclusão que a dentre a classe menos favorecida no Brasil, a maior parte das pessoas são negras, devido à "herança" de mais de 300 anos de escravidão no nosso país; tais mesmas pessoas ainda vivem numa escravidão de mazelas sociais. Em tempos de pandemia, tais mazelas agravam-se ainda mais, tendo-se noticiado que o vírus espalha-se por contato próximo, aglomeração. Locais como comunidades carentes, abrigos e dentre semelhantes há aglomeração de pessoas, pois não há espaço para distanciamento, além que para tal são precárias as condições básicas de higiene, favorecendo ainda mais a propagação do COVID-19, tornando assim, pessoas daqueles locais, cujo são majoritariamente negras, mais vítimas do novo coronavirus.
Mesmo tendo passado tanto tempo, o racismo nunca deixou de existir, ainda mais quando se tem pessoas poderosas, como o nosso presisdente, reforçam em discursos termos pejorativos a todas as minorias, principalmente à população negra do país. Retomando a ideia de higienismo que foi incorporada no governo de Vargas, é uma questão estruturante, que afeta não apenas o sistema de saúde mas também todos os sistemas onde a questão classe se faz distinta levando em consideração o sistema abolicionista do Brasil, onde tivemos como resultado a distinção de classe através no urbanismo, higienismo se faz notável através da distinção entre comunidades (e favelas) e os bairros nobres, onde concentração não apenas de pobreza mas também as pessoas não brancas se faz maior nas comunidades. Observa-se que, durante a pandemia as pessoas das comunidades não tiveram sistemicamente falando um Amparo estatal devido, tendo em vista a quantidade de pessoas periféricas que foram submetidas não apenas a exposição do vírus, mas também, a um sistema de saúde precário oriundo de um sistema que sempre fez mínimo para lhes garantir dignidade. Como reflexo nós temos os altos índices de contaminação por trabalhadores que exercem profissões primárias, e que majoritariamente são oriundos da comunidade, através de um sistema justificou essa exposição sob a ideia de quê a economia se está acima de quaisquer vulnerabilidades sociais.
ResponderExcluirÉ triste ver o quanto uma pandemia só fez aumentar a discrepancia entre as raças existentes no nosso país, e é mais triste ainda saber que nem todos tem condições de arcar com um plano de saúde no mínimo viavel.
ResponderExcluirPorém é entristecedor saber que mesmo tendo o pano é possível que o individuo não sobreviva a essa doença cruel.
ESTHER SILVA CAMARGO