A Educação Física na Montanha Russa da Covid-19

 

Gráfico 01 - Média Móvel de Mortos em Goiás - Covid-19


(Escrito por Renato Coelho)

Existe uma antiga lenda sobre a origem do jogo de xadrez, chamada de “a lenda de Sissa”. Reza a lenda que um sábio chamado Sissa, após criar o jogo de xadrez e ensinar o rei hindu a jogar este jogo de tabuleiro, fez um desafio ao rei como resposta à proposta que o mesmo lhe fizera, em lhe dar qualquer coisa que pedisse. Então Sissa lhe pediu que colocasse um pequeno grão de trigo no primeiro quadrado do tabuleiro, e em seguida o dobro de sementes de trigo no segundo quadrado, e após isso, o dobro de sementes de trigo no terceiro, e novamente no quarto quadrado, o dobro de sementes colocado antes, e assim sucessivamente até que se chegasse ao 64º e último quadrado do tabuleiro de xadrez. O rei achou o pedido muito singelo e zombou de Sissa, solicitando que os seus servos fizessem os cálculos e então entregassem as sementes à Sissa. Entretanto, após os servos reais consultarem os matemáticos da corte, ficaram totalmente espantados e perplexos, e foram correndo procurar o rei. Ao chegarem diante do rei, mostraram os números à sua alteza e explicaram que nem todo o ouro e nem todos os tesouros reais seriam suficientes para pagar o pedido de Sissa.

Na verdade, o pedido de Sissa obedecia a uma função exponencial, também conhecida como progressão geométrica, onde a quantidade de trigo sempre dobra de um quadrado para o outro. No primeiro quadrado: uma semente de trigo, no 2º quadrado: 2 sementes, no 3º deveria ser colocado 4 sementes, no 4º mais 8 sementes, no 5º a quantidade de 16 sementes e assim sucessivamente até o 64º quadrado final do tabuleiro. É uma progressão geométrica de ordem 2 (R=2), ou seja, ela dobra a cada nova contagem. E utilizando a fórmula matemática para uma progressão geométrica (An = ao x Rn-1) chegamos à quantidade de sementes de trigo suficiente para preencher todo o tabuleiro de xadrez e pagar Sissa: 18.446.744.073.709.551.615 sementes de trigo. Ou seja, a quantia de sementes era impagável e impossível de ser cultivada, pois a superfície inteira do planeta Terra não seria suficiente para o plantio, e ainda, nem se quer haveria local suficiente no planeta para armazenar e guardar toda a quantidade final de sementes.

Vemos através da lenda de Sissa o poder de crescimento das funções exponenciais, mas não precisamos ser exímios matemáticos ou doutores em epidemiologia para compreender o crescimento vertiginoso de contágios e de óbitos provocados pela covid-19 em Goiás, pois somente a matemática ou a biologia não são suficientes para explicarem estes tristes números. As transmissões do novo coronavirus seguem a matemática de Sissa, ou seja, as funções exponencias e foi por isso que em apenas três meses a covid-19 atingiu a todos os países do planeta Terra. A matemática de crescimento da doença respiratória Covid-19 segue a mesma lógica dos grãos de trigo no tabuleiro de xadrez, porém, a velocidade das transmissões depende de várias variáveis, como veremos a seguir, podendo ser assim aceleradas ou freadas.

Segundo os dados oficiais, a transmissão comunitária do vírus Sars-Cov-2 em Goiás se iniciou em março de 2020 e a primeira morte pela covid-19 se deu no dia 28 de março na região do entorno de Brasília. No entanto, ainda no dia 9 de fevereiro, o Estado de Goiás teve uma importante experiência com relação à pandemia, quando a Base Aérea de Anápolis serviu de local de quarentena para 34 brasileiros que foram repatriados de Wuhan na China, onde permaneceram por 14 dias em Anápolis e fornecendo uma aprendizagem relevante sobre o comportamento e as precauções com relação ao vírus transmissor da covid-19. Além desta oportunidade ímpar de estudar e conhecer melhor o vírus com a primeira quarentena de covid-19 no Brasil realizada na cidade de Anápolis, o Estado de Goiás, assim como todos os demais Estados da região Centro Oeste e Sul do país, foram as últimas regiões do Brasil a serem impactadas fortemente pela pandemia do novo coronavirus, o que forneceu mais tempo para uma melhor preparação e implementação de políticas públicas de mitigação de contágios e para tratamento de doentes, porém, não foi nada disso o que se viu de fato. E em virtude das questões geopolíticas do Estado de Goiás, que fica numa região mais central, interiorana e menos populosa do país, com aeroportos de baixo fluxo aéreo, houve realmente um certo retardo na chegada da crise provocada pela pandemia em relação ao restante do país (regiões sudeste, norte e nordeste). Todos esses elementos juntos, teoricamente falando, deveriam ser fatores positivos no combate e mitigação de contágios do novo coronavirus em Goiás, pois permitiu maior tempo hábil para os gestores e políticos planejarem melhor as ações no combate à pandemia e consequentemente para a  diminuição de vítimas fatais. Entretanto, nada disso aconteceu. Goiás chega hoje a um triste e absurdo número de mortes, cujo quantitativo atual já ultrapassa o valor de 5.444 óbitos de pessoas vítimas da covid-19, e alcançando também uma taxa de letalidade de 2,26%. A taxa de letalidade de 2,26% é considerada altíssima, significa que a cada 100 pessoas contaminadas, mais de duas delas vem a óbito. Segundo o jornal “O Popular” de 28 de setembro de 2020, somente até o mês de agosto, 136 pessoas morreram na fila por UTI, por falta de leitos em Goiás. São números assustadores e demonstram mais uma vez que a letalidade poderia ser muito mais baixa, caso as pessoas tivessem de fato atendimento médico-hospitalar adequado e ainda houvesse existido uma verdadeira política de mitigação de contágios em Goiás com testagem em massa, rastreio de contatos e isolamento das vítimas.

No gráfico 01 com a curva exponencial acima, podemos acompanhar a cronologia das transmissões da Covid-19 e o número diário de óbitos em Goiás. Vemos que as transmissões comunitárias foram registradas oficialmente após o carnaval na primeira quinzena de março e a primeira morte registrada foi em 26 de março, provando que o vírus já estava circulando em Goiás ainda em março ou até mesmo antes desta data. Já no dia 13 de março o governo de Goiás divulga o Decreto N. 9633 que impõe a situação de Emergência em Saúde Pública, promovendo a quarentena em Goiás com proibição de funcionamento de várias atividades econômicas no Estado, inclusive bares, cinemas, restaurantes, academias, escolas e universidades. O isolamento social dura cerca de duas semanas, porém sem a realização de testagem em massa da população e sem o rastreamento dos contatos. Torna-se evidente que não se pode controlar a pandemia somente com quarentena, isolamento social ou lockdown, em paralelo e de forma contínua ao isolamento social, é também necessário a realização da testagem em massa com rastreio de contatos e atendimento hospitalar aos infectados. Porém, apesar do isolamento ter sido realizado no momento certo, no início da transmissão comunitária, não houve testagem em massa para mitigação dos contágios e a consequência todos nós já conhecemos, houve apenas o retardamento do pico de transmissões, onde a crise de contágios foi apenas postergada por mais algumas semanas, “empurrando” o pico de contágios para a segunda semana de agosto, com colapso na rede hospitalar e 100% de ocupação de UTI’s nesse período. E ainda hoje, no final de outubro de 2020, não existe em Goiás uma política pública robusta e eficaz de testagem em massa, ficando os números de testes muito abaixo do recomendado, daí o verdadeiro motivo do número altíssimo de subnotificações, e o vírus ainda permanecer fora de controle em Goiás e também no Brasil.

Ainda conforme o Gráfico 01, o governo de Goiás, por pressão dos setores empresariais e financeiros inicia uma agenda de flexibilizações ainda no mês de abril com funcionamento de feiras livres e até de igrejas. Naquele momento já eram computados cerca de 40 óbitos em Goiás (ver Gráfico 01). Observamos que as flexibilizações, conforme o gráfico acima demonstra, iniciam no momento de aceleração dos contágios e de mortes em Goiás. Quando o número de contágios aumenta, o aumento do número de óbitos sempre vem à reboque. Ou seja, o governo promove isolamento social obrigatório somente no início, quando ocorrem as transmissões comunitárias e passa contraditoriamente a flexibilizar continuamente a abertura da economia, quando a curva está no seu grau de maior ascendência e indo rumo ao pico de contágios. Tudo foi realizado de forma errônea e irresponsável pelos gestores que apenas atenderam ao lobby e a pressão de empresários e políticos, que em sintonia com o governo Federal, colocam sempre o lucro acima da vida humana. O correto era a realização maciça de testagem genética (RT-PCR) e a manutenção do isolamento social com apoio financeiro  irrestrito aos trabalhadores e também aos pequenos e médios empresários, a fim de se ter evitado a tragédia de 5.444 mortos em Goiás até o dia de hoje (números subnotificados). Essas recomendações não são algo novo, foram adotadas por países que atualmente conseguiram controlar a pandemia, como o Uruguai, a Coréia do Sul e outros.

Já na primeira quinzena de julho, quando a curva toma a chamada forma de “foguete”, apresentando uma inclinação ascendente quase vertical, o governo de Goiás e a prefeitura de Goiânia autorizam a abertura de bares, restaurantes, academias de ginástica, escolas de natação o e também o comércio da região da rua 44 na capital. Nesse momento já eram computados 740 mortes pela covid-19 no Estado de Goiás. Essa abertura se deu na fase mais crítica da pandemia em Goiás, quando na verdade, seguindo os protocolos científicos, deveria ser endurecida as regras de isolamento social e não a sua flexibilização tal qual aconteceu. O que assistimos em julho foram igrejas funcionando, alunos em academias, bares e restaurantes abertos e aulas de natação durante o pico da pandemia em Goiás. O pico é a parte da curva onde ocorre o ponto máximo de mortes diárias e de contágios. Neste ponto ocorre a inflexão da curva, onde em seguida, ela passa a decrescer ou a se manter num platô. E o platô é quando a curva se mantém numa média constante de contágios ou de óbitos. Segundo o Gráfico 01, o pico ocorre justamente na última semana de agosto, período no qual bares, restaurantes, escolas de natação e as academias de ginástica já permaneciam abertas desde a semana anterior ao pico. O que se assistiu depois foi uma aceleração de contágios e de mortes com surtos em várias regiões e a continuidade do descontrole total da pandemia em Goiás. Ainda observando o Gráfico 01, nota-se também que após o pico alcançado com média maior do que 60 mortes diárias, se estabelece um platô com média móvel de mortes altíssima e que perdurou até a segunda semana de outubro e somente após essa data a curva começa a desacelerar e sair do alto platô. O platô iniciou após o pico, ou seja, na última semana de agosto e se estendeu até a segunda semana de outubro, durando cerca de dois (2) meses, provocando um total de aproximadamente  2.441 mortos (5.401 – 2.960) somente no período de dois meses de manutenção do platô.

Devemos ressaltar ainda, que após o decreto de quarentena assinado em março (Decreto n. 9633), não houve nenhuma política pública eficaz e robusta no sentido de realizar a mitigação dos contágios pelo vírus Sars-Cov-2 em Goiás. As únicas variáveis que guiavam os gestores públicos eram o índice de ocupação de UTI’s e também o número de mortos informados pelos cartórios. Sendo que essa última variável, o número diário de mortos possui uma margem de erro próxima de 40%, que prova também ser subnotificada, assim como o número de contágios.Os dados oficiais na realidade mostram a pandemia no passado e não em tempo real, devido à subnotificação de casos e de mortes, os gráficos e os números que observamos hoje, podem ser descrições e imagens da pandemia há 30 dias atrás ou mais.

Consequentemente, o que assistimos após essa quarentena desorganizada e sem nenhum planejamento foi a própria natureza guiando a pandemia no Estado de Goiás. A natureza possui mecanismos para criação de pandemias como sistema de auto-proteção e para a preservação de espécies ameaçadas, mas a natureza também possui mecanismos inteligentes para por fim às pandemias criadas pelo homem ou por ela própria. O chamado clusters de mortos ocorre quando o vírus atinge um grau máximo de contágios, contaminando um percentual grande de uma população, e então, devido a esse contágio maciço, o próprio vírus acaba ficando sem muitas opções para novos contágios, pois grande parte ou quase toda a população já foi contaminada ou foi a óbito. Neste momento de altos índices de contaminações, surgem os chamados “clusters”, que são na verdade grandes barreiras ou “paredes” formadas somente por indivíduos contaminados ou de mortos, que por si só, acabam freando a velocidade de propagação do vírus e amortecendo a curva da pandemia, tal qual observamos no Gráfico 01 atualmente no mês de outubro de 2020. A partir de março não foram realizadas políticas robustas e eficazes de controle da pandemia, vemos a partir de então, a um crescimento acelerado de contágios, com o pico em agosto e em seguida uma desaceleração em outubro. Neste período de platô a natureza começava a criar o seu “clusters” de pessoas contaminadas e de mortos, esse processo durou cerca de dois meses, até o momento em que os números alcançaram níveis tão absurdamente elevados de mortos e de contaminados, que o vírus “joga a toalha”, não tendo mais muitas opções para novas contaminações, e passa a ter uma velocidade de contágio menor e menos acelerada. Porém, a opção da escolha deliberada e irracional pelo agir da própria natureza na pandemia, é considerada eticamente errada, desumana e também imoral, pois permite que o grande número de mortos e de contaminados se torne uma barreira natural a fim de frear e deter a pandemia. Porém, é exatamente isso o que estamos assistindo em Goiás e no Brasil como um todo, onde nenhum estado da federação conseguiu alcançar o tão almejado “achatamento da curva” pandêmica. Ainda temos que ressaltar o papel importante das mutações genéticas do vírus, e as constantes reinfecções, que torna impossível atingir a chamada imunidade de grupo ou de rebanho, que só ocorre com a vacinação em massa da população e não através do simples contágio.

 A segunda onda de propagação do vírus Sars-Cov-2 já é uma realidade atual na Europa e nos EUA, provavelmente o Brasil também deverá enfrentar em breve uma segunda onda, já que não temos previsões sobre a realização de imunização por vacinas, que ainda estão em fase de testes. Pelo que tudo indica, os mesmos erros praticados na primeira onda se repetirão novamente. Ondas que refletem a construção de um modelo de mundo insano, onde o capital insaciável sempre prevalece sobre a natureza e também sobre a vida humana.



Os Superspreaders: a Educação Física em Xeque


 

(Escrito por Renato Coelho)

Atualmente, durante a  pandemia do novo coronavirus neste mês de outubro de 2020, o mundo vem batendo  a cada dia novos recordes de contágios, principalmente pelos novos surtos na Europa com o surgimento iminente de uma forte segunda onda e o crescimento vertiginoso de casos na Índia. São vários os fatores envolvidos na mecânica de contágios através do novo coronavirus, que vão desde  a amplitude da mobilidade humana, o distanciamento social, a frequência de aglomerações de pessoas, a utilização de máscaras, a higienização das mãos, a testagem em massa, o isolamento social, a densidade demográfica, as questões sócio-econômicas, o tratamento hospitalar dos doentes e também questões culturais que envolvem os contatos e interações interpessoais. Todos estes fatores  estão correlacionados ao porcentual de contágios e de óbitos numa determinada região. Essas variáveis influenciam diretamente na velocidade de contágios e na dispersão da pandemia no mundo. Entretanto, pesquisas realizadas pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (https://www.lshtm.ac.uk/) demonstram que cerca de 80% dos contágios da Covid-19 são transmitidos por cerca de apenas 10% dos contaminados. Por trás destes números se escondem  os chamados “Superspreaders”, palavra que traduzida para o português significa “Superespalhadores”, ou seja, existem certas pessoas e determinados ambientes que juntos são capazes de transmitirem o vírus numa escala muito superior à média regional ou nacional de uma dada região ou país. O surgimento dos  “Superspreaders”  está relacionado a questões biológicas do indivíduo (carga viral que ele carrega) e também a questões geográficas e culturais. Um “Superspreader” não é uma pessoa, mas sim um conjunto de situações ou evento social, que envolvem muitas pessoas, ambientes específicos e o vírus Sars-Cov-2. A combinação de certos locais, as aglomerações de pessoas e o vírus da covid-19, são os ingredientes mais que suficientes para o surgimento dos “Superspreaders”, ou seja, os ambientes super espalhadores do novo coronavirus.

Na história recente da pandemia do novo coronavirus, existem vários registros e confirmações de eventos “Superspreaders”. Um dos primeiros casos noticiados e documentados de ambientes Superespalhadores ocorreu na cidade de Washington nos EUA, onde 61 membros de um coral se reuniram sem as medidas preventivas contra a covid-19, entretanto, um dos integrantes do coral presente no encontro estava contaminado pelo novo coronavirus, porém era assintomático. Após a realização deste evento, 53 pessoas testaram positivas para a covid-19, 3 pessoas foram hospitalizadas e 2 morreram.

Outro exemplo de eventos superespalhadores ocorreu em uma igreja em Seul, capital da Coréia do Sul, onde uma mulher, membra da igreja e que apresentava sintomas leves da covid-19, e que por isso pensava apenas ser efeitos de um resfriado, frequentou uma reunião de oração onde todos os participantes tiraram as máscaras para a realização da liturgia da oração, e ao final daquela reunião, segundo dados do governo coreano, 43 fiéis da igreja foram contaminados por apenas uma única pessoa.

Vários outros casos ocorridos também no Brasil podem ser relatados como exemplo de eventos superespalhadores, como os jogadores e a comissão técnica do Flamengo, que se contaminaram em viagem ao Equador durante a realização do torneio de futebol Libertadores da América. Outro exemplo de ambiente superespalhador foi a posse do presidente do Supremo Tribunal Federal em setembro de 2020, onde a maioria dos convidados e membros da corte foram contaminados, mesmo seguindo protocolos rígidos de segurança contra a covid-19. Neste caso se destaca a aglomeração de pessoas num ambiente fechado com ar condicionado. A cerimônia durou mais de três (3) horas e as pessoas ficaram confinadas num lugar fechado e sem ventilação natural, e mesmo com distanciamento e o uso de máscaras, houve um grande número de contágios entre os participantes devido ao efeito aerossol do vírus Sars_Cov-2, permitindo o contágio pelo ar e tornando o salão do STF num espaço superespalhador. Outro exemplo superespalhador conhecido mundialmente foi a cerimônia na Casa Branca em setembro que contaminou o presidente e candidato à reeleição dos EUA, Donald Trump. Já neste caso não houve a utilização de máscaras pelos participantes e nem tão pouco foi respeitado o distanciamento social. Mesmo sendo um evento realizado ao ar livre, se transformou assim num superespalhador da covid-19.

Logo vemos que os chamados “Superspreaders” são eventos sociais capazes de potencializar a transmissão do vírus Sars-Cov-2. Se por exemplo, numa cidade o índice de transmissão (Ro) é alto e igual a 2 (Ro=2), significa que uma pessoa contaminada é capaz de transmitir o vírus para duas (2) outras pessoas. Mas no caso de um superespalhador, ele pode transmitir o vírus para 10, 50 ou 100 pessoas dependendo do contexto e não da constante de transmissibilidade Ro.

Qualquer ambiente onde ocorra aglomerações e não se respeitem as regras de distanciamento, o uso de máscaras e a lavagem adequada das mãos pode se transformar em um potencial evento superespalhador. Inclusive ambientes fechados e pouco arejados, mesmo com as prevenções adequadas, podem também se transformarem em superespalhadores, como no exemplo da cerimônia de posse no STF em Brasília, onde vários convidados da cúpula do judiciário, que mesmo usando máscaras e seguindo os protocolos rígidos de segurança adotados naquele tribunal, se contaminaram, transformando o salão do STF num espaço superespalhador.

Não existe um ambiente em si mesmo que seja superespalhador, esses ambientes são criados pelo contexto da aglomeração, e que combinando com várias variáveis, bastando apenas a presença de um única pessoa positiva para a covid-19, faz então surgir o superespalhador e consequentemente potencializando os contágios.

As escolas podem facilmente se transformarem em ambientes superespalhadores, pois elas tem todos os ingredientes necessários para a formação dos “superspreaders”. Por isso não se recomenda o retorno das aulas presenciais sem a existência de uma vacinação eficaz, devendo-se manter o ensino remoto com todas as suas limitações, a fim de se evitar novos contágios e mortes.

As academias de ginástica também podem se transformar em ambientes superespalhadores, pois são na sua grande maioria locais fechados com ar condicionado, com intensas aglomerações de alunos e constantes contatos (toques) manuais em aparelhos. Ressalta-se ainda a realização de uma intensa e explosiva respiração pelos praticantes de exercícios nas academias, também a alta sudorese, fatores que conjugados se tornam facilitadores de transmissões, levando risco aos professores e alunos. 

Mas que se observa atualmente, após as flexibilizações da quarentena, é que em várias academias alunos usam máscaras de forma incorreta (talvez devido ao grande calor e ao clima muito seco dos últimos meses) e ocorrem aglomerações entre alunos nos intervalos de aulas. Ou seja, muitos dos protocolos planejados para as academias em sua maioria não são colocados em prática durante as aulas ou mesmo não funcionam para o cotidiano de funcionamento das academias. E mais uma vez, tanto no ambiente escolar quanto para as academias, a educação física está sendo colocada em xeque, não pelo vírus Sars-Cov-2, mas pelo mercado insaciável do capital, que exclui os trabalhadores do direito à saúde e impõe o desemprego e a fome àqueles que não tem opção em escolher entre a vida ou o a super exploração do trabalho alienado.

 

A Educação Física no Brasil na Corda Bamba da Covid-19




 (Escrito por Renato Coelho)

Nesta segunda-feira (05/10/20) o chamado Centro de Prevenções para Doenças (CDC) dos EUA divulgou em seu site (https://www.cdc.gov/) uma importante informação sobre os novos mecanismos de transmissão do vírus Sars-Cov-2. Foi confirmado pela comunidade científica internacional que a Covid-19 pode ser transmitida pelo ar em ambientes fechados com ventilação inadequada, desde que a pessoa contaminada pelo vírus esteja respirando profundamente dentro destes locais, como por exemplo, se estiver cantando ou se exercitando. Esse tema já vinha sendo discutido e debatido por médicos e cientistas em todo o mundo, mas somente agora foi confirmada pela comunidade científica internacional.

Essa confirmação demonstra que o novo coronavirus pode ser transmitido na forma de aerossóis, em pequenas partículas que ficam em suspensão no ar por um período de tempo prolongado e em ambientes fechados. Nestes casos a proteção por máscaras não funcionam, já que estes equipamentos de proteção servem de barreira física apenas para gotículas “pesadas” que caem perfazendo trajetórias balísticas  rumo ao chão ou pequenas partículas que contenham o vírus e que são atraídas para baixo pela gravidade, como por exemplo, gotas de saliva expelidas pela boca de uma pessoa contaminada. Os aerossóis que contém o vírus, ao contrário daquelas, são nanopartículas que “flutuam” no ar, que podem atravessar as camadas de proteção das máscaras e assim entrar  no sistema respiratório das pessoas que frequentam estes mesmos ambientes fechados e sem ventilação. Os aerossóis são partículas tão leves e minúsculas que podem levar o vírus a uma distância até mesmo superior a dois (2) metros de distância. Mesmo que a pessoa infectada já tenha saído daquele ambiente fechado, existe ainda a probabilidade de contágio por terceiros que adentrem tais espaços. As partículas virais em suspensão no ar na forma de aerossóis podem ficar por horas seguidas flutuando no ar em recintos fechados e não arejados. Essa nova informação prova que o vírus Sars-Cov-2 apresenta uma transmissão mais alta e perigosa do que se pensava anteriormente. Essas evidências exigem a tomada de maiores cuidados de proteção e na revisão dos protocolos de segurança contra a Covid-19.

Quando em ambientes fechados e sem ventilação adequada o vírus Sars-Cov-2 pode se transformar na forma de aerossóis e contaminar pessoas mesmo que utilizem máscaras e ainda num raio superior a 2m de contatos, significando que no período de pandemia deve-se evitar salas e ambientes fechados sem ventilação, pois os protocolos já conhecidos como a utilização de máscaras e o distanciamento social não são eficazes nestas situações.

Essas novas evidências sobre o comportamento do novo coronavirus colocam o mundo em alerta no que tange a assuntos sobre regimentos e as regras atuais  de proteção e combate à covid-19. No caso de frequência de pessoas em  escolas, universidades e em academias de ginástica, em que podem existir salas ou ambientes fechados e sem ventilação, além da abertura destes locais terem que  respeitar os critérios de flexibilização para funcionamento que levem em consideração a queda no número de contágios e no controle da pandemia na cidade ou país em questão, devem ser revistos também as características arquitetônicas destas instituições,  a fim de se manter a segurança de seus frequentadores em relação ao contágio da covid-19.

Essas novas e preocupantes informações com relação ao comportamento do novo coronavírus, e que vem sendo aos poucos descobertas e reveladas publicamente, colocam todos os professores de educação física dentro de um novo contexto profissional, num novo processo contínuo de reavaliação processual e metodológica, tendo que repensar incessantemente a realização ou a não realização das suas práticas em determinados ambientes e com determinados conteúdos, haja visto que vivemos um momento de flexibilização total de todas as atividades sem, no entanto, um embasamento técnico-científico de segurança para abertura e funcionamento principalmente de escolas e de academias de ginástica, ficando as tomadas de decisões embasadas apenas em sugestões ou especulações de políticos ou de empresários, que em sua maioria, não possuem conhecimento ou compromisso com as questões de saúde pública, colocando os lucros acima das vidas humanas.

Ao final de tudo, todas as decisões importantes acabam caindo nas mãos dos professores de escolas ou de academias, decisões sobre a vida e sobre a morte, em que pese a ausência total de políticas públicas governamentais de mitigação dos contágios da covid-19. Assim sendo, tais decisões que deveriam ser coletivas e pautadas na ciência e na saúde pública, terminam sendo decisões paliativas e que tangem apenas o âmbito do individual. Daí os motivos que explicam o Brasil ocupar de forma vergonhosa as primeiras posições de contágios e de óbitos pela covid-19 em todo o mundo.

 


De Volta para o Passado: da gripe espanhola à covid-19

  



(Escrito por: Renato Coelho)


De tempos em tempos o mundo é surpreendido por pandemias capazes de provocar  milhões de contágios e de mortes em todos os confins do planeta. Porém, o que temos observado ao longo da história é que a frequência no surgimento de pandemias tem sido cada vez menores, ou seja, em intervalos mais curtos de tempo surgem novas pandemias, e não somente isso, os vírus que originam as pandemias são cada vez mais agressivos, contagiosos e também mais letais. Os vírus são elementos essenciais para a manutenção da vida na Terra e as pandemias são na sua maioria fenômenos da própria natureza e que representam mecanismos de preservação das espécies. Entretanto, estes fenômenos da natureza podem também ser antecipados e potencializados pela ação humana intencional e destrutiva sobre o planeta.

Em 1918, houve a pandemia da chamada gripe espanhola, cujo gatilho inicial da explosão de casos foi provocado pelo grande movimento de soldados e de tropas durante a I Guerra Mundial. Já a atual pandemia do novo coronavirus tem como principal agente catalisador a grande mobilidade humana em aeroportos e rodovias de todo o mundo neste período denominado de globalização. Somam-se ainda para esse processo de crescimento viral, a grande destruição da natureza, já que desmatamentos, extinção de espécies e a captura de animais selvagens expõe a humanidade a uma infinitude de novos e desconhecidos  vírus.

O contexto do mundo em 1918 era totalmente diferente do atual, as relações político-econômicas eram muito distintas destas em que vivemos neste início do século XXI. Naquela época se expandia o modelo fordista de produção nas fábricas, dentro de um processo linear, repetitivo, especializado de produção capitalista e ainda caracterizado pela expansão do consumo e de novos mercados. A ciência também se desenvolveu muitíssimo neste complexo período de guerras entre as nações durante as primeiras décadas do século XX. O conhecimento científico alcançado e todo o  desenvolvimento tecnológico adquirido nestes últimos cem anos permitiram grandes conquistas e feitos para a humanidade em várias áreas como na medicina, física, química e engenharias. A ciência hoje atingiu níveis de complexidade e de especializações inimagináveis para as mais otimistas mentes das primeiras décadas do século passado. Entretanto, mesmo após passado um século na história, existem  muitas semelhanças entre a pandemia da gripe espanhola ocorrida em 1918 e a pandemia atual do novo coronavirus, mesmo considerando os cenários e os contextos tão distintos entre estes dois momentos importantes da história recente. Cem anos separam essas duas pandemias e muitas transformações e mudanças ocorreram na história, na economia, na sociedade e na cultura humana, porém, vários acontecimentos coincidentes e fatos irônicos ainda insistem em perdurar ou se  repetirem na história destas duas pandemias separadas pelo espaço de tempo de mais de um século. O extraordinário desenvolvimento da ciência atual não foi suficiente e nem capaz de derrubar crenças ou de abalar valores, preconceitos e paradigmas que remontam das primeiras décadas do século passado, mas que se vislumbram também no  atual momento da pandemia da covid-19. Isso demonstra na verdade que todos os conhecimentos e saberes produzidos pela complexa, moderna e fascinante ciência deste século XX,  não esteja tão facilmente acessível à maior parte da população mundial quanto parece, exceto na forma de mercadorias tecnológicas, colaborando assim para a alienação de indivíduos e que por sua vez favorece a uma maior manipulação, controle e opressão por parte dos Estados nacionais.

Existem várias teorias sobre o surgimento da gripe espanhola, fatos históricos importantes apontam que o vírus tenha surgido pela primeira vez nos EUA em 1918, no Fort Riley, que era uma instalação militar no estado do Kansas e que, logo após  a deflagração da I Guerra Mundial e o contínuo deslocamento das tropas americanas  e de soldados pela Europa, provocaram a partir daí vários surtos de casos em diferentes partes do mundo, convergindo para o surgimento da pandemia de 1918 (SILVA, 2000).

O nome de gripe “espanhola” surge porque a Espanha por não participar da I Guerra Mundial, tinha total liberdade por parte da imprensa para a divulgação sobre os relatos e  acontecimentos sobre a I  Guerra Mundial, incluindo as estatísticas e mortes na pandemia pelo mundo, daí o nome de “gripe espanhola” , pois a pandemia passou a ser conhecida em todo o mundo graças ao trabalho de divulgação realizado pela imprensa espanhola. Na maioria dos países que estavam envolvidos na guerra, era proibido a publicação sobre assuntos ligados à gripe espanhola, numa tentativa clara de esconder da população os números de infectados e de mortos naquela pandemia. Os próprios governos proibiam ou mesmo manipulavam os dados sobre a pandemia da gripe espanhola em seus países, a fim de não permitir que a propagação da doença afetasse direta ou indiretamente  a popularidade destes governantes ou os rumos da guerra.

Naquele período não se sabia qual era o agente que provocava a gripe espanhola, não havia se quer uma visualização dos vírus, pois o microscópio eletrônico foi inventado somente duas décadas depois, em 1940. E o verdadeiro vírus causador da gripe espanhola só foi descoberto recentemente, e hoje é conhecido como H1N1 o vírus que devastou o mundo a partir de 1918. Mas a medicina daquele início de século XX era ainda pouco desenvolvida para a compreensão da dinâmica de uma pandemia. Os médicos não sabiam ao certo os mecanismos exatos de transmissão da gripe espanhola e nem mesmo dominavam medicamentos eficientes para tratamento dos doentes, ainda não havia sido descoberto os antibióticos. E o que era pior, a maioria da população mundial não tinha acesso à saúde, medicamentos ou ao atendimento médico hospitalar de qualidade. Bilhões de trabalhadores em todo o mundo vendiam as suas forças, tempo, energias e toda a saúde para a produção de capital, e acabavam sendo tratados  apenas como objetos e mão de obra barata, que poderia ser descartável e substituída a qualquer momento que se quisesse. Naquele período, assim como hoje na pandemia da covid-19, a maior parte das mortes se deve não às formas agressivas e desconhecidas de agir do vírus Sars-Cov-2, mas sim à total desassistência médico-hospitalar dos trabalhadores no mundo capitalista, ficando sempre o trabalhador entregue à própria sorte sem assistência de saúde de qualidade, sem respiradores e sem UTI´s, seja um trabalhador do norte da Itália, da França, dos EUA ou um trabalhador da cidade de Manaus no Brasil. O vírus Sars-Cov-2 foi identificado e todo o seu código genético decifrado em apenas alguns meses após a descoberta do primeiro surto em Wuhan na China. Vacinas estão sendo fabricadas e testadas em tempo recorde, porém, a velocidade de propagação do vírus Sars-Cov-2, que é a mesma velocidade de propagação de mercadorias e de pessoas na sociedade capitalista, tem ceifado milhões de vidas também em tempo recorde, numa sociedade onde tempo é dinheiro, e onde a vida humana não vale mais do que o lucro do capital. Quanto menos valor tem a vida humana, mais fácil é para o vírus abreviar e aniquilar essas vidas.

Provavelmente o grande fluxo de soldados que retornaram para os seus países de origem, após o final da I Guerra Mundial, tenham de fato potencializado as transmissões no mundo e assim dado início à pandemia da gripe espanhola de 1918. Atualmente se sabe também que os principais locais propagadores do novo coronavirus foram inicialmente os aeroportos de todo o mundo e em seguida as rodovias dos países. O vírus se espalhou pelo mundo primeiramente viajando através dos fluxos de aviões pelo mundo e em seguida o vírus passou a viajar pelas estradas e rodovias mais movimentadas dos países capitalistas, e em virtude disso, primeiramente foram atingidas pela pandemia primeiramente os grandes centros urbanos e capitais com aeroportos de grande movimentação, e em seguida as cidades e regiões periféricas do interior através de suas malhas viárias.

A gripe espanhola também recebeu vários nomes diferentes, dependendo do país que era atingido pela pandemia. Na Espanha ela era chamada de “gripe da Rússia”. Em alguns países europeus era chamada de “gripe chinesa”. No Brasil foi denominada de “gripe espanhola”. Hoje na pandemia do novo coronavirus, houveram tentativas de ideologização ao tentar vincular o vírus à China, denominando-o pejorativamente e de forma preconceituosa de “vírus Chinês”, numa clara tentativa política em querer desvincular o vírus e a pandemia do seu verdadeiro causador: o sistema de produção capitalista.

Segundo estudos atuais a gripe espanhola matou entre 50 a 100 milhões de pessoas e cerca de 600 milhões de pessoas foram infectadas em todo o mundo. A pandemia da gripe espanhola que teve início em 1918, perdurou por cerca de três (3) anos, finalizando a propagação e os contágios somente em 1921, mas acabou se transformando numa endemia, já que o vírus H1N1 existe ainda hoje.

No Brasil os números de mortes pela gripe espanhola foram subnotificados, e os números oficiais da época apontam um total de 35 mil mortes, mas estudos apontam que o número total tenha sido muito superior ao divulgado pelo governo. No país a gripe espanhola foi denominada por muitas autoridades políticas e por gestores como sendo apenas uma "gripezinha". Na época existiam várias recomendações para o tratamento que iam desde a famosa quinina, remédio extraído do caule de uma árvore, e que ainda hoje  é o principal elemento ativo do medicamento farmacêutico denominado Cloroquina, recomendado para o tratamento de pacientes em estado grave da covid-19, mas que não possui nenhuma evidência científica verdadeiramente comprovada, também foi muito recomendado o uso de cachaça com mel e limão (aqui se dá o surgimento no Brasil da mais famosa bebida brasileira, a “caipirinha”). Porém, através de experiências práticas e mesmo não tendo conhecimento sobre a ação dos vírus, se sabia na época da eficácia do distanciamento e do isolamento social para o controle e mitigação dos contágios da doença, assim como também da utilização de máscaras em locais públicos.

Assim vemos que a ação da pandemia de gripe espanhola no mundo foi devastadora ao provocar um número exagerado de mortos em todo o mundo (estima-se um total de 100 milhões de mortos nas três ondas da pandemia de gripe espanhola entre 1918 e 1921), e também a atual pandemia da covid-19 também tem contabilizado números assustadores de mortos e de contágios. Em outubro de 2020 já foram registrados mais de 1 milhão de mortos em apenas 6 meses desde o início dos contágios na China e cerca de 35 milhões de contaminados em todo o planeta segundo dados divulgados pela Universidade de Jonhs Hopkins. Em que pese a utilização político-ideológica da pandemia em ambos os momentos analisados, também a postura negacionista em relação à ciência, em questões ligadas à realidade das transmissões e dos mecanismos virais na gripe espanhola e na covid-19, fatores esses que contribuíram e que contribuem  sobremaneira para o aumento do número de óbitos e também para a prorrogação no tempo de não controle da pandemia, ou seja, para a manutenção do descontrole da pandemia, como assistimos atualmente na maioria dos países do mundo, inclusive no Brasil.

Destacamos ainda que passados cerca de 100 anos entre ambas epidemias analisadas, muita coisa ainda não mudou. As posturas negacionistas, as limitações da ciência, a falta de assistência social aos trabalhadores em tempos de pandemia, a falta de hospitais e de atendimento à saúde dos trabalhadores, demonstram que numa sociedade de classes baseada no modelo de produção capitalista, a vida humana não possui valor ou importância a não ser para produção do próprio capital. Assistimos o pleno funcionamento das atividades econômicas em pleno crescimento exponencial de contágios pelo vírus Sars-Cov-2, pois ao trabalhador pobre não lhe é dado  nenhuma assistência social de modo a garanti-lhe o isolamento social pleno e eficaz para evitar a sua contaminação. O que se percebe é prática de políticas escancaradas de exposição do trabalhador ao vírus nos locais de trabalho e nos transportes e locais públicos, cujo resultado final é a prática de ações de cunho genocidas contra a maioria de trabalhadores pobres e precarizados em todos os países do mundo capitalista.


Bibliografia

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SILVA, D. N. Gripe Espanhola. História do Mundo. 2002. Visualizado em 02/10/2010 em: <www.historiadomundo.com.br>